Alimentos ultraprocessados prejudicam a saúde
aprenda a identificarA obesidade vem tomando proporções bastante alarmantes no Brasil e no mundo e, se o cenário atual for mantido, o Brasil poderá apresentar em 2020 taxas bem próximas a dos Estados Unidos e do México. Atualmente, mais de 50% dos adultos brasileiros estão acima do peso (nos EUA, o índice chega a 70).
O intenso processo de industrialização e globalização dos alimentos parece ser um dos grandes culpados pelo aumento nas taxas de obesidade, câncer, hipertensão, dentre outras doenças bastante conhecidas e que são cada vez mais comuns, não somente em adultos, mas também em crianças.
Aquela bolacha ou salgadinho que fazem parte da sua rotina alimentar podem nem sequer ser considerados um alimento mas, sim, uma fórmula criada pela indústria. São estes os “alimentos” que levam o nome de ultraprocessados. Estes produtos são fórmulas industriais com baixo custo para a indústria, mas um altíssimo preço para a nossa saúde: são ricos em sal, açúcar e gorduras hidrogenadas. Além disso, contêm aditivos como corantes e saborizantes artificiais, alguns inclusive considerados cancerígenos, como o corante caramelo. Os processos e os ingredientes utilizados no ultraprocessamento geram produtos que confundem o controle natural da fome e saciedade e que, nesta medida, promovem a obesidade. Adicionalmente, os alimentos ultraprocessados contém um teor elevadíssimo de calorias em pequenas quantidades de alimento, não apresentam quase nada de fibra alimentar e tem um sabor extremamente acentuado, não combinando com a aceitação de frutas, vegetais, verduras e proteínas de boa qualidade nutricional, aquele sabor artificial, que exacerba os nossos sentidos e cria um padrão de gosto no organismo, que muitas vezes provoca o consumo exagerado com aquela sensação de “não consigo parar”. Com seu consumo, as pessoas ingerem uma maior quantidade de calorias em um volume menor de comida. O cérebro tem dificuldade de entender e acaba pedindo mais alimento até obter a chamada “sensação de saciedade”. Come-se mais com menos benefícios.
Infelizmente, esses alimentos já são grande parte do que consumimos diariamente. Estudos realizados por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina nos anos de 2012 e 2014 com 1,2 mil adultos de 20 a 59 anos de idade evidenciaram que o consumo elevado de ultraprocessados teve relação direta com o aumento dos níveis de pressão arterial e o risco de doenças cardiovasculares em um período de dois anos de acompanhamento. Estamos 5 anos a frente, e existem poucas evidencias de mudanças positivas nesse cenário. Por isso, preste muita atenção ao que você coloca no seu prato e da sua família. Aprenda a comer com atenção plena, prefira sempre alimentos naturais e preparações feitas em casa, como o bom e velho arroz e feijão, vegetais que podem ser assados, grelhados ou consumidos em forma de salada, e uma fonte saudável de proteína. Simples, fácil e gostoso.
É preciso esclarecer, no entanto, que nem todo o processamento faz mal, o problema ocorre quando são usados aditivos químicos, como conservantes, estabilizantes, flavorizantes e corantes em níveis fora dos toleráveis trazendo prejuízo à saúde. Portanto, o ideal é buscar alimentos na sua forma primária e diversificar na dieta alimentos provenientes de diversos tipos de processamento, como os físicos (congelamento), químicos (sal, açúcar) ou biológicos (iogurtes, queijos). A ideia não é proibir os ultraprocessados de fazerem parte da alimentação, mas alertar para que a maior parte continue sendo constituída de alimentos e refeições naturais e que o consumo de produtos prontos seja ocasional ou em pequenas quantidades.
Saiba o que você come:
Alimentos não processados ou minimamente processados – São aqueles que não sofrem alteração ou que passam por processos que ainda mantêm suas principais características nutricionais e que não agregam ou introduzem novas substâncias ao alimento original. Eles incluem arroz, feijão, carnes, peixes, legumes e verduras, frutas, cogumelos, leite fresco ou pasteurizado, ovos e café.
Ingredientes culinários – São as substâncias usadas para preparar a comida do dia a dia e que passam por processamento como prensagem, moagem e refinamento. Alguns exemplos são óleo de cozinha, açúcar, farinha, sal e manteiga.
Produtos alimentícios prontos para consumo (incluindo os ultraprocessados) – Tudo o que é muito processado. São comuns em quase todas as casas: pães (até o integral), biscoitos, bolos, sorvetes, chocolates, barras de cereal, refrigerantes, pratos pré-preparados (aqueles congelados de supermercado), hambúrgueres, produtos enlatados, sopas prontas, requeijão, margarina.
Como identificar um alimento ultraprocessado:
- Normalmente, as embalagens são bem atrativas, possuem frases reforçando o sabor ou a adição de vitaminas e minerais (que são acrescidos artificialmente e não são bem absorvidos pelo seu organismo).
- A lista de ingredientes contém mais de cinco itens, dos quais pelo menos dois são aditivos alimentares (ingredientes que não teríamos em casa, com nomes quase irreconhecíveis como glutamato monossódico, xarope de milho, goma carragena, carboximetilcelulose, dentre outros). Quanto mais itens tiver na lista de ingredientes, e mais nomes estranhos, pior será para a sua saúde.
- Alimentos ultraprocessados possuem alto teor de açúcar, gordura e sódio. Entre os primeiros ingredientes, são encontrados o açúcar e/ou a gordura hidrogenada.
- Alimentos ultraprocessados possuem um alto tempo de prateleira. Não estragam nunca ou demoram muito tempo para estragar.
Exemplos de alimentos ultraprocessados: sopas em pacote, pães industrializados, bolachas, hambúrguer industrializado, refrigerantes, queijinhos petit suisse, iogurtes saborizados, cereais matinais, achocolatados, lasanhas e pizzas congeladas, pipocas de microondas, barrinhas de cereais, dentre outros.